Ensino da Saúde Ambiental e o Processo de Bolonha

Por solicitação da direcção de um instituto onde, há uns anos atrás, se leccionou o curso de Saúde Ambiental, apresentei, no ano passado, uma proposta de adequação do curso daquele instituto ao Processo de Bolonha.

Sempre defendi os 3 anos para um primeiro ciclo, conducente ao grau de licenciado (180 créditos), por uma enormidade de razões que vos posso apresentar e que na sua maioria estão claramente evidenciadas no Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de Março. Basta lê-lo com atenção.

No entanto, todos sabem, e sabiam, que algumas instituições que leccionavam Saúde Ambiental, ou que tinham a pretensão de o fazer (Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, Escola Superior de Saúde Jean Piaget, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra e Escola Superior de Saúde de Setúbal), haviam participado na elaboração de um documento onde obviavam as razões da sua escolha: 4 anos.

Mais tarde, bafejou-se a existência de um “acordo de cavalheiros”, que não posso confirmar, onde, supostamente, todas as escolas ou institutos que leccionavam nas áreas das Tecnologias da Saúde, se comprometiam a apresentar a sua proposta, a título individual, mas que seria condicente com o pregaminho entretanto definido e que já vos referi, independentemente de nele terem participado, ou não.

Em função de uma pretensa “uniformidade” das propostas a apresentar por todas as escolas, e depois de uma breve explicação daquele que era o meu entendimento acerca desta matéria ao ISEC, pediram-me um primeiro ciclo de 4 anos (240 créditos). Fi-lo a custo e sem qualquer tipo de convicção de estar a contribuir significativamente para uma melhoria do ensino/aprendizagem.

Agora, de repente, e furando tudo quanto é “acordo” (se é que alguma vez existiu acordo) parece que alguns abriram os olhos e viram que mais importante que a união, é a razão – ou sempre se estiveram borrifando para a união.

Ainda, e só por curiosidade, pergunto: (i) há diferenças relevantes ao nível do desempenho (qualitativo) entre profissionais bachareis e licenciados?; (ii) quem fez o quarto ano de complemento, após alguns anos de exercício, reconhece (conscientemente) o último ano como uma mais valia para a sua actividade??; (iii) não haverá, porventura, justificação para se apostar num segundo ciclo de 2 anos, conducente ao grau de Mestre, cujos conteúdos curriculares sejam função de especializações distintas e de relevância para o desempenho destes profissionais (por exemplo, educação ambiental, segurança alimentar, saúde pública, segurança e higiene do trabalho, etc.)??

——————————
Ilustração: vista parcial da cidade de Bolonha, recolhida em Storia dell’arte.
Please follow and like us:
Bookmark the permalink.

2 Comments

  1. Carissímos,

    Julgo haver algum equívoco.
    Quando me referi à união, fi-lo em relação às instituições de ensino e à apresentação de propostas de adequação dos cursos a Bolonha e nunca em relação à união dos técnicos, que me parecem ser coisas distintas. Parece-me, além do mais, que em momento algum terei beliscado o(s) autor(es) do comentário, no que diz respeito ao “seu desempenho pela união e qualidade da saúde ambiental”. Reconheço-o!

    Nunca apelidei o(s) autor(es) do comentário como “alguns”. Os “alguns” a que me referi eram os institutos, escolas e demais entidades envolvidas neste processo de adequação a Bolonha do curso de Saúde Ambiental, de que a Escola Superior de Saúde de Beja é apenas o primeiro exemplo com um curso aprovado. Concerteza muitos outros se lhe seguirão.

    Julgo também, até pelo facto de ter evidenciado que sou apologista de um primeiro ciclo de três anos, que no caso da Escola Superior de Saúde de Beja terá imperado a razão. Além disso, o “bafo de cartel académico”, a existir, não teria que ser do conhecimento daquela instituição na medida em que na altura não leccionava o curso, nem sei se perspectivava vir a fazê-lo.

    Importa referir que não cedi às “pressões de um acordo com o qual discordava”, na medida em que, à laia de “progatonismo individual” vinquei a minha posição à instituição com a qual colaborei que, em função dos argumentos (fracos argumentos os meus), optou pelos 4 anos. Em função disso, fiz o melhor que pude e soube. Achei isso preferivel a abster-me por completo de todo o processo. Isto não significa que discorde do “acordo”, que se resumia, tanto quanto julgo saber, à apresentação de propostas semelhantes.
    Não sou uma “vítima do sistema”. Sou um lutador contra o sistema (sempre que ele se me afigura errado) e esse mérito ninguém mo tira!

    Por fim, os “protagonismos individuais” de que, julgo, me acusa(m) só se devem ao facto de eu ser, sempre, o rosto das minhas próprias opiniões, que faço questão de evidenciar. Isso, claro, implica protagonismo.

    Saudações ambientais e o desejo de um óptimo trabalho, que sei irão desenvolver.

    Vítor Manteigas (Bloteigas)

  2. Caro Bloteigas,

    A bem da credibilidade da informação veiculada neste weblog e como contributo para a união dos Técnico de Saúde Ambiental, que apregoa defender, sugere-se que invista o seu mui precioso tempo em assuntos que contribuam para o desenvolvimento e divulgação da Saúde Ambiental, ao invés de abordar assuntos, de forma fantasiosa, potencialmente geradores de conflito.

    Para seu esclarecimento e dos seus leitores, informa-se que esse “bafo de cartel académico”, que insinua, não chegou até alguns, como nos chama. Deste modo, quer se concordasse ou não com o conteúdo do suposto acordo, não houve oportunidade de o considerar.

    O seu pálido altruísmo de, a bem da aliança, ceder às pressões de um acordo com o qual discordava, desvanece-se, quando em tom de ladainha, se apresenta como vítima do sistema.

    O Curso de Saúde Ambiental da Escola Superior de Saúde de Beja – alguns – pretende manter as melhores relações com todos os Estabelecimentos de ensino superior público ou privado que leccionam o Curso de Saúde Ambiental e outras instituições, tendo já dado provas disso, perante os mesmos, através dos canais adequados.

    Mais, como o caríssimo Bloteigas tem obrigação de saber, os “alguns” têm pautado o seu desempenho pela união e qualidade da saúde ambiental, através de instituições próprias evitando protagonismos individuais.

    Com os melhores cumprimentos,
    Alguns

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *