A Saúde Ambiental aos olhos de uma médica interna do ano comum

Hoje, à semelhança do que acontece em muitos outros dias ao longo do ano, fui acompanhado por uma médica interna do ano comum.
A actividade da manhã de hoje estava inserida na vertente analítica do programa de vigilância da qualidade da água de utilização recreativa, o que nos fez visitar algumas das piscinas existentes no concelho.
Regra geral, tento promover a Saúde Pública como uma especialidade médica que deveria ser tida em consideração como primeira opção de escolha. Regra geral, não o consigo fazer.
A Saúde Pública é-lhes pouco grata, porque pouco grata também a é para os curricula de medicina. Todos se queixam do mesmo. Todos se queixam que só têm a percepção daquilo que é a Saúde Pública aquando do primeiro contacto com a realidade, muitas vezes já no internato.
Ainda assim, sou persistente neste papel ingrato de tornar a Saúde Pública apelativa para os médicos que por aqui passam. Se dizem que esta especialidade médica está em vias de extinção – e eu subscrevo –, não serei eu o acusado de nada fazer para inverter esta situação.
Ao longo do caminho para a primeira piscina, onde iríamos realizar as primeiras colheitas de amostras, fui abordando alguns conceitos teóricos, preparatórios para a actividade que se seguiria, enfatizando o papel do Técnico de Saúde Ambiental e, de alguma forma, o do Médico de Saúde Pública.
A meio da manhã, o assunto acabou, finalmente, por vir ao de cima.
– Então diga-me… já pensou na especialidade que irá escolher? Perguntei eu.
De lá veio a resposta mais improvável. – Sim, vou escolher Saúde Pública.

Confesso que se não fossemos no carro, teria dado ali e naquele momento, uma série de mortais encarpados à retaguarda, logo seguidos de um ou dois flick-flacks, tal era o meu contentamento.
Mas as surpresas não ficaram por ali. Logo de seguida continuou dizendo: – Mas as actividades dos Técnicos de Saúde Ambiental são muito mais interessantes que as dos Médicos de Saúde Pública. Não sei se escolhi bem.
Acenei com a cabeça, à laia de consentimento.

Naquela altura pensei seriamente se, afinal, não teria que voltar a tentar fazer-lhe ver que a Saúde Pública é que era de facto a especialidade a considerar.
Não! Não foi preciso.
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