Curso de Formação Pós-Graduada em Toxicologia Ocupacional e Ambiental

Utilizadas como reagentes ou como matéria-prima, ou ainda enquanto produtos de fabrico, subprodutos ou resíduos, as substâncias químicas, na sua forma pura ou de compostos, constituem um muito extenso grupo de factores de risco para a saúde.
É nesse sentido que surgiu o Curso de Formação Pós-Graduada em Toxicologia Ocupacional e Ambiental (início a 9 de Maio de 2011), uma oferta formativa no âmbito da exposição profissional e ambiental a agentes químicos que tenta, simultaneamente, estimular o aparecimento de iniciativas de investigação e desenvolvimento.
As componentes do Programa de Formação Contínua Pós-Graduada em Toxicologia Ocupacional e Ambiental foram planeadas em conjunto por docentes da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL), recorrendo às capacidades e competências existentes nas duas instituições.

Investigação Aplicada em Saúde Ambiental em debate no ENASA 2011

Foi ontem que teve início o ENASA 2011, aquele que é o terceiro Encontro Nacional de Alunos de Saúde Ambiental, desta vez organizado pelos estudantes de Saúde Ambiental da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto.

Com a moderação do estudante David Leite, os trabalhos tiveram início com um debate a propósito da Investigação Aplicada em Saúde Ambiental, desenvolvida nas escolas onde é leccionado o curso de licenciatura em Saúde Ambiental e onde as coordenações/direcções dos respectivos cursos se fizeram representar.

A Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL), além do Coordenador da Área Científica de Saúde Ambiental, em representação da Directora de Curso, fez-se representar também pela recém licenciada em Saúde Ambiental Marina Silva, assistente na ESTeSL e que se encontra neste momento integrada num “centro de investigação”, onde desenvolve o seu projecto de doutoramento. Terá sido esta a forma de evidenciar que a investigação, em moldes muito específicos, poderá ser encarada como uma “saída profissional”.

Aos elementos que integravam a mesa foram colocadas algumas questões, nomeadamente:

  1. Existe alguma unidade curricular direccionada para a investigação? Qual a importância que lhe é dada e qual foi a evolução dessa unidade curricular?
  2. Será que o projecto (de investigação) não teria um maior interesse inserido em empresas ou projectos já existentes, de modo a ter uma finalidade prática?
  3. Será o projecto um impulsionador do mercado de trabalho? De que forma?
  4. Qual a percentagem de Técnicos de Saúde Ambiental formados na vossa escola que envereda pela carreira da investigação?
  5. Qual a vantagem nos dias de hoje de enveredar pela carreira de investigação?

Chegou-se à conclusão que de facto a investigação é considerada relevante no âmbito das competências a adquirir e desenvolver pelos estudantes de Saúde Ambiental. Aludiu-se ao facto que se estar, eventualmente, a sobrevalorizar a investigação em detrimento da componente mais técnica, expectável numa formação desta natureza. Apesar de algumas diferenças evidenciadas pelas diferentes escolas,  a verdade é que muitos projectos de investigação desenvolvidos no âmbito dos cursos de licenciatura estão inseridos em empresas ou projectos já existentes ou acabam mesmo por potenciar novos projectos. Alguns dos trabalhos desenvolvidos acabam também por se relevarem “montras” daquelas que são as competências e mais-valias dos licenciados em Saúde Ambiental.

Lançou-se o desafio aos Técnicos de Saúde Ambiental (profissionais que desenvolvem a sua actividade no Serviço Nacional de Saúde, no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários) no sentido que também eles começarem a fazer uso das suas competências ao nível da investigação na medida em que têm acesso a informação que daria azo a trabalho dessa natureza, além do facto das Unidades de Saúde Pública serem encaradas, cada vez mais, como observatórios de saúde.

A terminar, o estudante David Leite questionou os elementos da mesa sobre a forma de como ultrapassar a inércia que se verifica actualmente nas Unidades de Saúde Pública e nos Técnicos de Saúde Ambiental nos Cuidados de Saúde Primários. Aqui aludiu-se à motivação (ou falta dela), à dependência hierárquica daqueles que não fazem e não deixam fazer, aos “bestiais” e aos “bestas” (todos conhecemos profissionais que podemos catalogar desta forma) mas a ideia final a reter é a de que as Unidades de Saúde Pública serão aquilo que os profissionais quiserem fazer delas e nisto os Técnicos de Saúde Ambiental têm (ainda) muito a fazer!