Lavar as mãos, sim obrigado

“Um quarto dos portugueses não lava as mãos antes das refeições” foi título de jornal, post em blogue, notícia na rádio e deu azo a muita conversa de fim de tarde no banco do jardim ao longo da semana passada.

Segundo o estudo desenvolvido pelo Conselho de Higiene, é um facto que um quarto dos portugueses não lava as mãos antes das refeições. De acordo com o mesmo estudo, metade dos portugueses não lava as mãos após espirrar, sendo que um em cada dez não o faz após ir à casa de banho.

Este estudo conclui ainda que um quinto da população não lava as mãos depois de pegar em animais, enquanto que 15% não o faz após comer ou pegar em comida.

Por outro lado, 72% dos respondentes considerou que os filhos apanham mais infecções na escola, contrapondo com os 40% que entende que é na sanita ou na roupa suja que podem ser encontrados mais germes.

Um estudo semelhante a este foi ainda feito em mais dez países, tendo sido concluído que os norte-americanos e os italianos são os povos com menos asseio, uma vez que nunca lavam as mãos após comer, tossir, espirrar ou ir à casa de banho.

Segundo a directora dos Serviços de Qualidade Clínica, da Direcção-Geral de Saúde, Dra. Ana Leça, é muito importante lavar as mãos, pois este gesto está associado à redução de infecções, ainda que haja «situações onde ainda é mais importante como sejam os ambientes hospitalares e onde se tratam doentes. No nosso dia-a-dia, nos nossos gestos habituais, obviamente que a lavagem das mãos é um gesto que corresponde a um aumento significativo da própria segurança do indivíduo».

Esta mesma questão, associada às infecções nosocomiais, já havia sido alvo de inúmeras abordagens por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Por tudo isto, colegas profissionais de saúde, integrados, ou não, nas Comissões de Controlo da Infecção, evidenciem junto da vossa direcção o quão indispensável é disponibilizar condições necessárias para atender aos “velhos” apelos da OMS, Clean Care is Safer Care, e sigam as suas guidelines relativas à lavagem das mãos.

A ASAE, a Saúde Pública e nós.

Desde cedo que se questinou aquele que seria o papel da Saúde Pública (entenda-se Serviços de Saúde Pública – SSP) e das Autoridades de Saúde, depois da criação da “super potência” Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), e no que à segurança alimentar diz respeito.
É certo e sabido que em relação à fiscalização/inspecção, e de acordo com todos os diplomas legais entretanto publicados, ela está, neste momento, sob a alçada daquela entidade, que tão bem tem propagandeado as suas actividades. Situação inversa àquela que se verificou durante anos com a Inspecção Geral das Actividades Económicas (IGAE) e que ainda se verifica com os SSP – salvo honrosas excepções que serão alvo, em tempo oportuno, de um post – deste país.
Agora que a fiscalização/inspecção tenderá, como desde sempre, a não ser nossa competência, e depois da recusa por parte da figura Autoridade de Saúde (não confundir com Médico de Saúde Pública!!) em assumi-la como sua, caberá aos Técnicos de Saúde Ambiental, porque para isso não precisam de se fazer passar por representantes do Estado, apostar naquilo para que foram talhados – a vigilância sanitária.

Estávamos no início de 2006, tinha a ASAE acabado de ser criada, e já ela se fazia notar, a reboque do desempenho daqueles que laboriosamente promoviam a vigilância em função de projectos específicos desenvolvidos no seu (nosso) “burgo”.

No âmbito de uma actividade conjunta (evidenciada pela notícia da SIC) e muito em função do trabalho desenvolvido pelos estagiários de Saúde Ambiental da ESTeSL que cá estavam na altura (Sandra Peixoto e Bruno Barroca), que não se esgotou com o simlpes acompanhar dos profissionais do SSP e da brigada da ASAE, também nós fomos notícia.

No dia seguinte, um deles exultava:

“- Viste, viste!!???… Aquele era o meu sapato.”

Passados alguns dias o telefone tocou e o inspector disse:
“- Parabéns! Sem vocês não teria sido a mesma coisa. Obrigado.”

The Pump Handle

The Pump Handle: A water cooler for the public health crowd” é um blogue cuja visita frequente aconselho a todos os Técnicos de Saúde Ambiental e Médicos de Saúde Pública.

“The Pump Handle is a place for people interested in public health and the environment to discuss the issues that interest us, particularly when they’re not getting the treatment we think they deserve in the mainstream media.”

Dia Mundial da Alimentação

Hoje, dia 16 de Outubro, é o Dia Mundial da Alimentação e logo pela manhã, a caminho do Centro de Saúde, à semelhança do que acontece em qualquer outro dia, a TSF foi a companhia radiofónica no percurso casa/trabalho.
Lacticínios ou derivados, cereais – preferencialmente um pão escuro – e uma peça de fruta, comida à dentada, foram os alimentos apontados como os eleitos para um pequeno-almoço consistente e que reúne as condições para garantir um bom início de dia de trabalho. Terão sido, mais ou menos, estas as palavras utilizadas pela nutricionista da moda, Dra. Elsa Feliciano.
Conhecia-a em 1997 quando, ainda em regime de voluntariado, trabalhei no Centro de Saúde de Vila Franca de Xira. Nessa altura a médica de Saúde Pública que lá se encontrava a desempenhar funções (hoje não está lá ninguém), Dra. Ana Bela Falcão, actualmente em Almada, dava primazia à Promoção da Saúde e as actividades em escolas ou fora delas, com crianças, adolescentes ou idosos acabavam sempre por abordar a questão da alimentação equilibrada.
Hoje, dez anos depois, continuo a cruzar-me frequentemente com a Dra. Elsa Feliciano, ora no já extinto Centro Regional de Saúde Pública de Lisboa e Vale do Tejo, actual Departamento de Saúde Pública da Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, ora nos mais variados meios de comunicação social. Hoje cruzei-me com ela na TSF, depois de já lhe ter “piscado o olho” na Operação Triunfo da RTP, na Quinta das Celebridades da TVI e em tantos outros programas de entretenimento onde comparece, convidada para falar daquilo que tão bem sabe: alimentação equilibrada.
Confesso que tal como a mim, também a vocês ela fará, muito provavelmente, companhia numa esplanada de praia, num serão à noite com os amigos a ver um desafio de futebol, ou numa simples refeição cuja bebida eleita é a Sagres Zero. Para quem ainda não percebeu este meu devaneio, aconselho-vos a ler com atenção o rótulo desta cerveja, que de entre as “sem álcool” é a minha eleita, ainda que não seja propriamente pela companhia da Elsa Feliciano.
O Dia Mundial da Alimentação é celebrado para comemorar a criação da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) em 1945. O objectivo deste dia é consciencializar a humanidade sobre a difícil situação que enfrentam as pessoas que passam fome e estão desnutridas, e promover em todo o mundo a participação da população na luta contra a fome. Todos os anos, mais de 150 países celebram este evento. Durante o Dia Mundial da Alimentação, celebrado pela primeira vez em 1981, dá-se ênfase a um tema sobre o qual se focalizam todas as actividades. Os temas discutidos nos últimos anos foram:
  • “O Direito à Alimentação”
  • “Agricultura e diálogo de culturas”
  • “Biodiversidade e Segurança Alimentar”
  • “Trabalhar juntos para criar uma Aliança Internacional contra a Fome”
  • “A Água, fonte da Segurança Alimentar”
  • “Combater a fome para reduzir a pobreza”
  • “Um milénio sem fome”
Para mais informações, sigam as hiperligações que vos deixo.
United Nations
Global Issues on the UN Agenda: Food
Special Rapporteur on the right to food (OHCHR)
Feeding minds, fighting hunger (CyberSchoolBus)

Economic Commission for Africa
Africa’s Urgent Nexus: Food, Population, Environment
Food Security and Sustainable Development

Economic and Social Commission for Western Asia
Sustainable Agriculture and Rural Development
Codex Alimentarius – Joint FAO/WHO Food Standards Programme
Food Insecurity and Vulnerability Information and Mapping Systems
International Fund for Agricultural Development
International Portal on Food Safety, Animal and Plant Health
UNU Food and Nutrition Programme for Human and Social Development
World Food Programme

World Health Organization
Food Safety

World Bank Group
Agriculture and Rural Development

Additional Resources
Action against Hunger
Food for All
Food Safety Research Information Office (FSRIO)
Food Security – Development Gateway
FoodFirst Information and Action Network
Harvest Help
International Food Policy Research Institute
Resource Centres on Urban Agriculture and Forestry
Rural Development Institute
U.S. National Committee for World Food Day

Canadian Institute of Public Health Inspectors

Vision: Health Protection: Cornerstone of Public Health

Mission Statement: Canadian Institute of Public Health Inspectors (CIPHI) advances the profession, science and field of Environmental Public Health through certification, advocacy, education and setting standards. We protect the health of Canadians and represent environmental public health professionals across Canada.

CERTIFICATION: the Board of Certification is the organizational body for certification on behalf of the Institute. The certification process guarantees that the highest standards for entry into the profession are met.

INFORMATION: CIPHI provides ongoing opportunities for professional development. CIPHI interacts strongly within the International environmental health community and is proactive in advancing the science of environmental health.

ADVOCACY: CIPHI works to protect the health of all Canadians on environmental issues while promoting the science of environmental health and the profession.

Seguindo a hiperligação, clicando na imagem, poderão aceder ao sítio do Instituto Canadiano de Inspectores de Saúde Pública e a partir daí conhecer um pouco mais acerca desta organização.

Adianto, desde já, que pelo que me apercebi, esta organização dispõe do denominado Board of Certification, responsável pelo reconhecimento, após exame, das competências necessárias para o ingresso na respectiva profissão.

Pasmem-se!… Só encontrei seis escolas referenciadas como tendo cursos com conteúdo curricular aprovado:

Nós temos quantas??

—————————–
Fonte: Canadian Institute of Public Health Inspectors

Enquiry into the Sanitary Condition of the Labouring Population of Great Britain

Enquiry into the Sanitary Condition of the Labouring Population of Great Britain da Poor Law Commissioners terá sido, porventura, um dos primeiros documentos, na forma de relatório, cujo enfoque se centrou na relação Saúde e Ambiente. Terá sido este documento que esteve na génese da Saúde Pública “moderna”, deixando já antever as preocupações ao nível da Saúde Ambiental e da Saúde Ocupacional?

«After as careful an examination of the evidence collected as I have been enabled to make, I beg leave to recapitulate the chief conclusions which that evidence appears to me to establish.

First, as to the extent and operation of the evils which are the subject of this inquiry:–

That the various forms of epidemic, endemic, and other disease caused, or aggravated, or propagated chiefly amongst the labouring classes by atmospheric impurities produced by decomposing animal and vegetable substances, by damp and filth, and close and overcrowded dwellings prevail amongst the population in every part of the kingdom, whether dwelling in separate houses, in rural villages, in small towns, in the larger towns–as they have been found to prevail in the lowest districts of the metropolis.

That such disease, wherever its attacks are frequent, is always found in connection with the physical circumstances above specified, and that where those circumstances are removed by drainage, proper cleansing, better ventilation, and other means of diminishing atmospheric impurity, the frequency and intensity of such disease is abated; and where the removal of the noxious agencies appears to be complete, such disease almost entirely disappears.

That high prosperity in respect to employment and wages, and various and abundant food, have afforded to the labouring classes no exemptions from attacks of epidemic disease, which have been as frequent and as fatal in periods of commercial and manufacturing prosperity as in any others.

That the formation of all habits of cleanliness is obstructed by defective supplies of water. That the annual loss of life from filth and bad ventilation are greater than the loss from death or wounds in any wars in which the country has been engaged in modern times (…)»

Report (…) from the Poor Law Commissioners on an Inquiry into the Sanitary Conditions of the Labouring Population of Great Britain. London, 1842, pp. 369-372