Epifanea deste Saúde Ambiental…

Hoje, mais de cinco anos após o início do blogue Saúde Ambiental…, um projeto que temos vindo a fazer crer tratar-se de algo como sendo fruto de um esforço conjunto, chegou a hora de revelar alguns segredos (que muitos já saberão) e que servirão de justificação para aquilo que se segue.

Antes de mais importa recordar, para aqueles que não nos acompanham no Facebook, que no passado dia 21 de novembro atingimos a fasquia dos 300 mil visitantes únicos, oriundas de 140 países (maioritariamente de Portugal e do Brasil) . Aliado a este número importa salientar as mais de 520 mil visualizações que resultaram de 1323 posts e 560 comentários, distribuídos por 81 categorias. Na nossa página de fãs do Facebook temos mais de 1500 seguidores e os subscritores por correio eletrónico são cerca de 400.

Números interessantes, acreditamos nós. E acreditem quando vos dizemos que no início não pensámos chegar a tanto.

Revelados que estão os números, importa agora falar de mim e daquilo que esteve na génese do Saúde Ambiental…. Notaram que esta terá sido uma das raras vezes em que o singular aqui foi utilizado?

Posto isto, desenganem-se aqueles que pensavam que o Saúde Ambiental… era o resultado do esforço concertado de uma equipa. Sem prejuízo do contributo muito pontual de alguns colegas licenciados em Saúde Ambiental (na sua maioria técnicos de Saúde Ambiental), a verdade é que tem sido por empenho e dedicação pessoal à Saúde Ambiental, que tenho mantido o blogue online.

O facto da minha formação de base ser em Saúde Ambiental, de ter exercido durante mais de 10 anos a profissão de técnico de Saúde Ambiental e de acreditar que desta forma poderia contribuir para a melhoria desejada da profissão e, consequentemente, do desempenho deste grupo profissional, fez com que o Saúde Ambiental… surgisse e ganhasse forma.

Em relação à minha formação, daquela que aqui importa realçar, destaco o curso de bacharelato em Higiene e Saúde Ambiental, que frequentei na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL) e durante o qual muito se lutou para se ter a escola que ela é hoje. Foi àquela escola que regressei em 2002 para frequentar o quarto ano da licenciatura bietápica em Saúde Ambiental. Depois de em 1997 ter iniciado as minhas funções enquanto técnico de Saúde Ambiental num Centro de Saúde, foi em 2003, já licenciado, que comecei a colaborar com a ESTeSL, enquanto monitor de estágio. Foram alguns os estudantes com quem tive o privilégio de privar no contexto de estágio e a quem, julgo eu, terei deixado boas recordações. Em 2004 iniciei o Curso de Mestrado em Saúde Pública apenas porque senti necessidade de aprender, convicto de que dessa forma poderia ensinar melhor. A “Satisfação Profissional nos Serviços de Saúde Pública: a Satisfação na Reestruturação da Saúde Pública” foi o tema da dissertação que defendi em Setembro de 2007, estando certo de que dessa forma poderia contribuir para a melhoria das condições de trabalho e para o reconhecimento dos técnicos de Saúde Ambiental.

No ano letivo 2007/2008, comecei a leccionar no curso de licenciatura em Saúde Ambiental da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, em regime de acumulação de funções, continuando a exercer enquanto técnico de Saúde Ambiental. Esta situação veio a mudar radicalmente no ano letivo seguinte porquanto acabei por me dedicar a tempo inteiro ao ensino na mesma escola de sempre… a ESTeSL!!

Se inicialmente o blogue Saúde Ambiental… era vocacionado essencialmente para os técnicos de Saúde Ambiental e para o seu reconhecimento, ultimamente  já acabava por ser o reflexo da minha vivência na ESTeSL, acabando por estar mais direcionado para os estudantes e para aquilo que de bom eles podem dar à Saúde Ambiental.

Contudo, nem isso tem sido conseguido nos últimos meses e a verdade é que acabam por ficar todos a perder: os estudantes de Saúde Ambiental, os técnicos de Saúde Ambiental e eu, Vítor Manteigas, professor de Saúde Ambiental da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa. Os hiatos frequentes entre as notícias que aqui vou dando devem-se a outros projetos que obrigam a muita dedicação. Se noutras ocasiões as 24 horas do dia iam chegando, agora já ficam a faltar horas para garantir o cumprimento de tudo aquilo a que me vou propondo.

Associado a tudo isto, há ainda uma série de muitos outros projetos, alguns pessoais e outros profissionais, sobre os quais poderão ouvir falar mais tarde e que obrigam a alguma regra e rigor, pelo que urge definir prioridades para garantir que, mesmo que não fiquem todos a ganhar, ninguém fique a perder.

Posto isto perspetivam-se algumas mudanças significativas no Saúde Ambiental… que irão acabar por dar enfoque à Saúde Ambiental que me está mais próxima… a da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, seja do curso ou da área científica. Dessa forma irei garantir que serão os “meus” estudantes e a “minha” ESTeSL, aqueles que mais ganharão num futuro próximo… porque eles merecem.

Saudações ambientais,
Vítor Manteigas

A Importância dos Técnicos de Saúde Ambiental

Foi no passado dia 10 de novembro, em Coimbra, que falámos sobre a Importância dos Técnicos de Saúde Ambiental. O evento era o Encontro Nacional de Saúde Ambiental e a sessão abordava a evolução e a importância destes profissionais.

Para quem não esteve presente, aqui fica o resumo…

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a saúde ambiental aborda os aspetos da saúde e qualidade de vida humana, determinados por fatores ambientais, quer sejam eles físicos, químicos, biológicos ou sociais. Refere-se também à teoria e prática de avaliação, mitigação, controlo e prevenção dos fatores que presentes no ambiente podem afetar potencialmente, de forma adversa, a saúde humana das gerações atuais e das vindouras.

Nesse sentido, e atendendo aos determinantes da saúde, onde o ambiente tem um peso significativo, contribuindo de forma relevante para o total de doenças e mortes prematuras, os licenciados em saúde ambiental, por conta daquelas que são as suas competências, podem e devem ser protagonistas privilegiados nas atividades de promoção da saúde e prevenção da doença.

Na década de noventa, com a criação do curso de higiene e saúde ambiental, perspetivava-se então o colmatar da necessidade de pessoal mais qualificado para o desempenho em saúde ambiental ao nível dos cuidados de saúde primários, como forma de obviar os problemas de saúde pública. Esta terá sido a razão pela qual se explicitou, inclusive, que a importância das atividades prosseguidas por este setor profissional nos serviços de saúde, atentava a interligação dos técnicos de saúde ambiental com as autoridades de saúde. Nos últimos anos, contudo, tem-se assistido a uma mudança de paradigma e o reconhecimento da sua importância tem-se salientado noutras áreas que não exclusivamente a saúde pública.

Atualmente, áreas como a saúde ocupacional e a gestão ambiental, em detrimento da saúde pública, têm primado por chamar a si os licenciados em saúde ambiental, reconhecendo as suas competências e valorizando os seus desempenhos. Esta é, garantidamente, a razão pela qual a taxa de empregabilidade ainda se vai mantendo acima dos valores médios para a generalidade dos cursos do ensino superior.

Para além de enfatizar esta constatação, importa ainda garantir a área da saúde ambiental nos cuidados de saúde primários, recolocando a saúde pública, e por inerência a saúde ambiental, na agenda política. Este será um processo que urge encetar já!… Porquanto será um processo longo, sem fim garantido e sem a garantia de que virá a ter um desfecho feliz.

Percebemos entretanto que os participantes eram, na sua maioria, profissionais em exercício nos cuidados de saúde primários e acabámos por adequar o discurso àquela realidade que tão bem conhecemos. Em algumas ocasiões admitimos ter sido um pouco duros na análise mas a bem da verdade é que, mesmo assim, muita da dura realidade ainda terá ficado por dizer e, mais importante, por debater.

LipDub AEESTeSL

No âmbito das Comemorações dos 30 anos da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL), a Associação de Estudantes da ESTeSL dinamizou no dia 2 de Abril de 2011 a gravação do “LipDub AEESTeSL“.
Esta iniciativa contou com a presença de estudantes, docentes e não docentes que mostraram a Escola para além do estudo, associando a espontaneidade ao dia-a-dia desta Instituição.
A banda sonora ficou a cargo dos Klepht com “Antes & Depois”, uma música que reflecte sobre as mudanças ao longo da vida olhando em retrospectiva, descrevendo a evolução da vivência de alguém.

Organização:
Ana Mafalda Reis
António Pinto
Bruno Águas
Inês Salvador
Joana Meireles
Leila Carmo
Patrick Amado
Rita Ladeiro
Vitor Morgado

Equipa técnica:
Fábio Vilares
Joana Vistas
Marcel Encarnação

Agradecimentos:
Hugo Bento
Miguel Nascimento
Presidência ESTeSL
Comissão 30 Anos ESTeSL
Ana Sabino
Ana Raposo
Fernando Carvalho
João Corça
Vítor Manteigas (nós é que agradecemos!)
AEESTeSL
Participantes

Música:
Antes e Depois – Klepht

Bênção das Fitas – ESTeSL 2011

Desde 2008 que temos vindo a marcar presença na Bênção das Fitas da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL) e este ano não foi excepção.

O grupo de estudantes de Saúde Ambiental que este ano benzeu as suas fitas recebeu-nos em 2008 naquele que foi o ano de transição (adequação a Bolonha) na ESTeSL e deles guardarei memórias para a vida. Obrigado por tudo.

A cerimónia deste ano merece da nossa parte uma “pequena” nota de destaque. Ali encontrámos estudantes de todos os anos do curso de licenciatura em Saúde Ambiental e ainda algumas colegas, ex-estudantes, que quiseram também marcar a sua presença e dar um forte abraço àqueles que agora estão a findar este percurso académico. Foi bonito e, mais uma vez, senti-me piegas. Começa a ser uma situação recorrente :/

Um inspector em cada português!…

Hoje, quase três anos depois de termos deixado de exercer a profissão de Técnico de Saúde Ambiental, aconteceu-nos aquilo que nunca nos havia acontecido em mais de dez anos de exercício profissional, onde a vigilância e a fiscalização eram frequentes.

No decurso das compras semanais, aquelas que normalmente fazemos numa grande superfície comercial, chegados à zona dos lacticínios, algo nos pareceu anormal. A temperatura ambiente estava estranhamente “normal”. Ao olharmos para o mural percebemos porquê. Estava tudo desligado! Mais à frente notámos que alguns dos topos também se encontravam na mesma situação. Os clientes continuavam a retirar produtos, completamente indiferentes à situação, sem se aperceberem que aquilo que deveria estar à temperatura de refrigeração estaria à temperatura ambiente.

Corremos até ao atendimento ao cliente e relatámos a situação. Perguntaram-nos se queríamos falar com o responsável pela loja. Dissemos não ser necessário desde que fosse reposta a normalidade. Voltámos à loja e acabámos as compras por ali. O mural dos lacticínios entretanto voltou a ter luz e os displays deram-nos, finalmente, a temperatura a que os produtos se encontravam. Percebemos então que os produtos estavam a 22,2ºC.

Saímos, convictos de que algo haveria de ser feito. Já no carro decidimos voltar atrás e confirmar! O mural dos lacticínios continuava ligado e a temperatura já estava nos 11ºC. No entanto, os topos continuavam por ligar.  Pedimos então para falar com o responsável pela loja. Queríamos perceber o que se estava a passar e explicaram-nos que estavam a sujeitar a rede eléctrica a algumas intervenções e que as temperaturas dos displays não eram reais. “Usamos uns aparelhos para de hora-a-hora vermos a temperatura e nem tocamos nos produtos”, disseram-nos. Ao falarmos-lhes em termografia perceberam finalmente sermos entendidos na matéria.

Com o responsável percorremos então alguns dos murais e quem nos acompanhou acabou por confirmar connosco as nossas piores suspeitas. As temperaturas registadas, e tendo em conta os limites críticos definidos pela empresa, obrigavam à rejeições de todos os produtos.

Agradeceram-nos e afiançaram-nos ir tratar da situação, dando indicações para que todos os produtos da rede de frio fossem de imediato retirados. Enquanto íamos abandonando a loja e explicando ao nosso descendente mais velho o que ali se tinha passado, ouvimos pelo sistema de som a mensagem que entretanto ecoava por toda a loja… todos os funcionários disponíveis deverão dirigir-se à zona central da secção de congelados!…

A verdade é que se houvesse um inspector em cada português, tudo seria mais saudável e seguro.

Naquilo que a nós diz respeito, iremos continuar a olhar para as temperaturas dos equipamentos de conservação de alimentos e para as datas de validade dos produtos alimentares. E vocês??

Adeus Duarte d’Oliveira… adeus teessea!

Esta é uma daquelas mensagens que gostava de deixar para depois. Para alguns anos depois…

Muitos conheciam-no por João e tantos outros por Duarte d’Oliveira. Falamos do teessea (TSA) do Jornal de Saúde Ambiental, de Salvaterra de Magos, de Gouveia, das águas termais, disto e daquilo, de uns e de outros… e de todos nós. Infelizmente nunca mais o veremos mas garantidamente todos o recordarão como alguém a quem era impossível ficar indiferente.

O teessea faleceu no passado dia 11 de Março de 2011, com 63 anos.

Conhecemos-nos em 1997, nas V Jornadas de Saúde Pública, em Leiria. Naquela ocasião falámos de associativismo, da Associação Nacional de Técnicos Auxiliares Sanitários (ANTAS) e da Associação Nacional de Saúde Ambiental (ANSA). Alguns anos depois voltámos-nos a encontrar na internet e foi aí, nos fóruns de discussão e nos blogues que a amizade se foi alicerçando. Não raras vezes tínhamos opiniões extremadas que culminavam em acesa “discussão”. Gostávamos disso!

Foi com ele, à beira da Albufeira de Magos, com um copo na mão, que partilhei pela primeira vez alguns dos resultados da dissertação de mestrado Satisfação Profissional nos Serviços de Saúde Pública: a Satisfação na Reestruturação da Saúde Pública.

Nos últimos anos era frequente almoçarmos juntos. Falávamos principalmente de Saúde Ambiental. Era delicioso ouvir as suas estórias doutros tempos e dos tempos de agora. Doutros tempos que não eram os seus e por mais do que uma ocasião lhe disse isso. O João havia nascido para a Saúde Ambiental alguns anos cedo demais. Talvez seja essa a razão pela qual era incompreendido por muitos dos seus colegas, Técnicos de Saúde Ambiental, Médicos de Saúde Pública e Engenheiros Sanitaristas. Foi ele que em algumas ocasiões me chamou à razão, fazendo-me ver não ser oportuno dizer e escrever algumas coisas.

A última vez que nos encontrámos foi à mesa, como sempre. Tirámos uma fotografia para depois fazermos disso notícia no Jornal de Saúde Ambiental e no Saúde Ambiental…

A notícia nunca se deu a ler e o Duarte d’Oliveira nunca mais se deixou ver.

Quando um de nós ficava algum tempo (tempo demais) sem colocar qualquer coisa online, não tardava uma mensagem a questionar o porquê de tal ausência. A última mensagem que lhe havia enviado, evidenciando a minha preocupação, foi a 9 de Março de 2011. Nunca cheguei a receber resposta e agora sei porquê.

Adeus Duarte d’Oliveira… adeus teessea!
Estarás para sempre comigo.