Reestruturação também no Bloteigas

Como porventura já se terão apercebido, o Bloteigas está, tal como a Saúde Pública e a Saúde Ambiental, numa fase de reestruturação.
Muito provavelmente passará a ser de cariz exclusivamente “pessoal”.
Por outro lado, ir-se-á proceder à criação de um outro espaço, apostando-se claramente, como se poderá depreender pelo actual título do blogue (Saúde Ambiental. Salud Ambiental. Environmental Health. Santé Environnementale.), na “internacionalização” da Saúde Ambiental.
Oportunamente ir-vos-ei dando notícias, nomeadamente a da localização do novo espaço que se perspectiva.

Fórum de Saúde Pública

“Infelizmente e na sequência de um ataque ao site, estamos a tentar recuperar todos os dados, porque inclusivamente os registos dos utilizadores se perderam.
As nossas desculpas por esta situação desagradável.
Com cumprimentos,
Ricardo Mexia”


Parece que o Fórum de Saúde Pública irá “reiniciar” a sua actividade.
Esperemos que desta vez corra tudo pelo melhor. Precisamos de vocês!

Mudam-se as moscas

“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, – reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (…).

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (…).

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, – como da roda duma lotaria. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; (…) Dois partidos, sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (…) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, – de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (…).”

Guerra Junqueiro in “Pátria” (1896).

“O país perdeu a inteligência e a consciência moral.

Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!”

Eça de Queirós in “As Farpas”, número um (1871).

Mudam-se as moscas!…

“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, – reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (…).

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (…).

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, – como da roda duma lotaria. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; (…) Dois partidos, sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (…) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, – de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (…).”

Guerra Junqueiro in “Pátria” (1896).

“O país perdeu a inteligência e a consciência moral.

Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!”

Eça de Queirós in “As Farpas”, número um (1871).

Uma questão de prioridades

Nos últimos dias têm-me questionado acerca do facto de, desde há algum tempo, não proceder à actualização do Bloteigas.
É tudo uma questão de prioridades. O Bloteigas tem sido encarado (por mim) como um hobbie e como qualquer hobbie digno desse nome, só deve ser assumido nas horas vagas… nos tempos livres.
Ao longo do último mês, tempos livres têm escasseado por estes lados.
Está explicado!

Círculo de felicidade

Hoje, cada vez mais, apela-se à união: união dos povos, união das forças e dos esforços, união das mãos.

Hoje, cada vez mais, se vêem frustradas as tentativas de união. As mãos existem e os dedos possibilitariam o seu entrelaçar, garantindo uma união efectiva. Aparentemente nada resulta. Tentemos unir os pés!!

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Ilustração: Círculo de Felicidade (autor desconhecido – Angola)