Veio-me à memória a Rosa.
A justificação que encontro, dever-se-à talvez ao facto dela, no jantar de véspera, ter sido tema de conversa à mesa.
A Rosa foi minha colega de serviço durante alguns anos. Foi a Assistente Administrativa que me acompanhou durante algum tempo, incluindo aqueles anos em que estive sozinho no serviço, sem Médico de Saúde Pública, sem Autoridade de Saúde.
Foi minha colega, minha companheira de folias laborais. Chegou a ser minha confidente.
Mas a Rosa, um dia murchou.
Se ainda estivesse entre nós, teria a minha idade.
Deixou familia: dois filhos, um esposo, seus pais e tantos outros, que tal como os amigos, ainda choram a sua ausência.
Um dia, chegou a leucemia e a Rosa murchou.
Recordo-a sempre bem disposta, mesmo quando as vicissitudes da vida nada o fariam prever.
Recordo-a sempre confiante, à espera de um dador, que tardava a aparecer.
Um dia, a Rosa murchou, mas deixou plantada nos nossos corações a sua alegria.
Rosa, trago sempre no meu coração, aquele botãozinho que agora floresce.
Para ti, Rosa, com eterna saudade.
Um beijo, onde quer que estejas.