O Novo Centro de Saúde

“O Novo Centro de Saúde: profissionais motivados, cidadãos satisfeitos.” é um título sugestivo que me levou a pensar que, pelo menos desta vez, a Saúde Pública viesse a estar contemplada no novo modelo organizacional desenvolvido pela Missão para os Cuidados de Saúde Primários (MCSP).

“O Novo Centro de Saúde: profissionais motivados, cidadãos satisfeitos.” foi o nome dado ao fórum organizado pela MCSP e pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa e que decorreu no auditório da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, hoje, dia 21 de Novembro.

Se é verdade que nas Unidades de Saúde Familiar (USF) não se tem vindo a verificar a presença de profissionais de Saúde Pública, ao falar-se de um “Novo Centro de Saúde”, confesso que, pelo menos aí, cheguei a pensar que os Técnicos de Saúde Ambiental, Médicos de Saúde Pública e outros profissionais, tivessem lugar.

Todo o discurso do evento foi orientado para as USF e para o desempenho médico e de enfermagem. Exemplo disso é o documento, que ali foi apresentado: “Os Centros de Saúde em Portugal. A Satisfação dos Utentes e dos Profissionais.”, promovido e financiado pela MCSP, que apesar de meritório e louvável, até pela metodologia empregue, em nada reflecte a satisfação profissional nos Centros de Saúde.
E porquê? Porque nos Focus Groups, enquanto grupos profissionais dos centros de saúde, apenas estiveram representados os médicos (mais tarde viemos a perceber que eram exclusivamente médicos de medicina geral e familiar), os enfermeiros e os administrativos.
Então e os Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (nem falo exclusivamente dos Técnicos de Saúde Ambiental, para que não me chamem tendencioso), os Médicos de Saúde Pública, os Auxiliares de Apoio e Vigilância, os Psicólogos?…

Não… aparentemente a Saúde Pública não faz parte do modelo organizacional preconizado pela MCSP.

Face a esta catadupa de atropelos àquilo que deve ser entendido como o “Novo Centro de Saúde”, e ao facto do estudo não espelhar, de facto, a realidade dos profissionais em exercício, mas sim, e de forma exclusiva, aqueles que estão contemplados para as USF, alguém, já no fim da manhã, perguntou: “Onde pára a Saúde Pública?” e afirmando que “a Saúde Pública tem sido sistematicamente esquecida.”
Do outro lado alguém retorquiu alegando que nunca, em momento algum, apesar de muito procurar, haviam encontrado documentos alusivos à posição da Saúde Pública no que à reestruturação dos Cuidados de Saúde Primários diz respeito, o que pressupunha que a Saúde Pública fazia por ser esquecida [palavras minhas].
Foi nesta altura que alguém da assembleia lembrou os presentes do papel que a saúde pública havia tido nos anos oitenta, quando muitos dos directores de centros de saúde, na altura quase exclusivamente Médicos de Saúde Pública, organizaram os serviços com base num modelo holista, multidisciplinar e com uma pluralidade de competências, modelo quase que replicado agora pela MCSP.

Além disso, quando o documento inicial esteve em discussão pública, “muitos” terão sido os profissionais de saúde pública a evidenciar a sua opinião. Eu fui um deles!!

Bem… o certo é que a partir desse momento senti uma mudança, ainda que ténue, no discurso.

No período da tarde, havia um painel de discussão que tinha por base aquele que deveria ser “O Centro de Saúde Ideal”. Ali a Saúde Pública não teve lugar, excepção feita a uma honrosa referência às Unidade Operativas de Saúde Pública, na qualidade de potencial prestador, numa base de contratualização, aludida pelo Dr. José Luís Biscaia.

E é assim o “O Novo Centro de Saúde”.

Petição contra a imbecilidade viral

A propósito da imbecilidade viral, está a decorrer online uma petição contra a situação a que foi sujeito o indivíduo que viu confirmada judicialmente como justa causa para o seu despedimento, o facto de ser HIV positivo.
Nós já a subscrevemos e sugerimos que o façam também.
«A kitchen chef at one of the SANA HOTEL group in Portugal has been fired due to the fact that he is HIV POSITIVE!!!
The chef got ill with Tuberculosis, took a leave of about one year for treatment, and then got back to work, in perfect health conditions.
The hotel’s management didn’t allow him to continue cooking when it was informed by the hotels MD that the man was HIV POSITIVE.
The management then fired the chef, who had been working there for the past seven years.

The worker complained to the portuguese Justice (Labor Court) and they confirmed
that the hotel had every right to fire its employe, due to the fact that he could endanger guests when manipulating the food.

The chef submitted an appeal to the higher court (Tribunal da Relação) and the three judges confirmed the previous sentence, inspite of two medical expert advices that rulled out the possibility of contagion, as well as an official statementent from the US Center for Disease Control.

The worker has now an on-going appeal at the Supreme Court.

This type of ridiculous descrimination against any HIV POSITIVE person is not only silly, but absolutely intolerable under the portuguese constitutional law. It is also against every guideline regarding non-descrimination by the European Comission.

I therefore stress everybody to insurge against it by signing this petition that will be sent to His Excellencies President Aníbal Cavaco Silva, Prime-Minister José Socrates and José Manuel Durão Barroso, President of the European Comission.

Remember, it can be YOU tommorrow!

Thank you for your support.
DR. M. Rodrigues Pereira*»

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* HIV activist, founder and former President of ABRAÇO (Portugal’s first HIV/AIDS NGO) … and HIV POSITIVE for the past 16 years

Segurança e Higiene Alimentar | As Abordagens de Qualidade

A Associação Nacional de Saúde Ambiental (ANSA) promove e apoia o seminário “Segurança e Higiene Alimentar | As Abordagens de Qualidade”.

(clique na imagem para ampliar)

Este seminário, que terá lugar já no próximo dia 22 de Novembro, no auditório da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC), será realizado em parceria com os alunos do 4º ano da licenciatura bietápica em Saúde Ambiental da ESTeSC, com a Associação Comercial e Industrial de Coimbra (ACIC) e com o Euro Info Centre do CEC\CCIC.

Este é um evento no qual, em função do programa que podem consultar aqui, sugiro que se inscrevam.

Cortesia do colega Hélder Simões

Imbecilidade viral

Foi considerado pelo Tribunal da Relação de Lisboa como justificado e legítimo o despedimento de um cozinheiro infectado com HIV que trabalhou, durante sete anos, no hotel do Grupo Sana Hotels. Foi então confirmada a decisão já tomada pelo Tribunal de Trabalho de Lisboa.
No acórdão pode ler-se que “ficou provado que A. é portador de HIV e que este vírus existe no sangue, saliva, suor e lágrimas, podendo ser transmitido no caso de haver derrame de alguns destes fluidos sobre alimentos servidos ou consumidos por quem tenha na boca uma ferida”. Foi esta a razão apontada pelos magistrados que os levou a concluir que se continuasse a ser cozinheiro representaria “um perigo para a saúde pública, nomeadamente dos utentes do restaurante do hotel”.

É nestas alturas que me sinto deslocado.
É nestas alturas que me interrogo se se justificará continuar…

Quantos de nós terão já ido às escolas falar sobre este tema? E quantos de nós é que utilizam, de forma recorrente, o velhinho discurso que dá conta de que o risco de transmissão do vírus HIV é mínimo, se tivermos em conta a não assumpção de comportamentos de risco?

Quantos de nós é que estarão a pensar que esta gente foi alvo de doença rara, tipo imbecilidade viral, mais mortal que qualquer HIV??

Posso então deduzir que os senhores magistrados não têm dentes cariados, não comem em restaurantes, bochecham e gargarejam, com qualquer solução desinfectante (??!!), antes de deglutir qualquer pedacinho de comida ou, em última análise, têm acesso aos ficheiros clínicos dos seus empregados, que lhes preparam as refeições.

Leiam tudo acerca desta… !!&?%=@;<..., se ainda houver paciência para tal, aqui, aqui e aqui.

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Imagem recolhida em WarShooter.

Mal empregados. Quem?

MalEmpregados é um blogue, que se propõe falar sobre emprego e desemprego!
«Sobre tudo o que se relaciona [com o emprego e o desemprego], e acrescentar mais uma pitada de alguma coisa.»
Ali poderão encontrar «links para sites disto e daquilo e de assuntos da coisa. Informação diversa e dispersa, temas quentes e frios, a gosto, com sal e pimenta, qb. Com conta peso e medida, na medida em que o peso não conte e a conta não pese.»

O acrescenta que aquilo «promete dar que falar, da coisa e não só… do coiso também (refiro-me [ele] obviamente ao trabalho, emprego e afins).»

Foi neste blogue que tivemos conhecimento da lista oficial das profissões cujo exercício, em Portugal, se encontra regulado por títulos profissionais obrigatórios (Licença, Carteira Profissional, Cédula Profissional ou outro) que garantem a posse das competências necessárias, e onde se inclui, por exemplo, a de Calista, Posticeiro, Transferista e, obviamente, a de Técnico de Saúde Ambiental.

Ao , boa sorte!

Direcção-Geral da Saúde vs. Alto Comissariado da Saúde

Foi na qualidade de leitor frequente do Jornal Médico de Família que li, no Cromo da Quinzena, o texto “uma insustentável sobreposição de competências“, retrato daquilo que tem vindo a ser a convivência entre a Direcção-Geral da Saúde e o Alto Comissariado da Saúde.
E assim vão indo as nossas instituições de “referência”.

«Indicador para aqui, necessidade de melhor articulação para acolá, chegou a vez do Director-geral da Saúde (DGS), Francisco George – a quem num registo de tu cá, tu lá, todos tratam por Chico Jorge –, emitir opinião sobre a matéria. Refira-se, a-propósito, que é da competência da DGS elaborar e divulgar estatísticas de saúde e promover o seu aperfeiçoamento contínuo.

Com o bom senso que todos lhe reconhecem, Chico Jorge resolveu expressar o que pensa sobre os indicadores apresentados pelo ACS. Que não são fiáveis; não reflectem a realidade… Chegado aqui, peço ao leitor que releia as competências de uma e outra entidade… É importante para perceber o que se segue (ou para ficar ainda mais confuso, o que é perfeitamente aceitável).

Visivelmente agastada com a intervenção, Maria do Céu Machado ripostou, perguntando a Chico se estava a pôr em causa a sua honestidade intelectual. A sala ficou gelada com o tom ríspido da intervenção e a Alta Comissária, apercebendo-se do facto, procurou desanuviar o mal-estar, construindo uma gracinha.

Ó Chico: estás a sugerir que os dados não são verídicos? É que se é isso mesmo o que querias dizer…. E se eu fosse homem, convidava-te para ir lá fora e resolvíamos isto à estalada. Como não sou, peço ali ao Dr. Luís Manuel (Cunha Ribeiro, Presidente do INEM) que vá lá fora e o faça por mim.

O problema é que de acordo com alguns participantes, a Alta Comissária, esqueceu-se de mudar o tom com que iniciara a conversa, pelo que muitos dos presentes ficaram na dúvida se estaria, ou não, a falar a sério.»

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Imagem recolhida no Jornal Médico de Família