Ministro da saúde apela… à nossa inteligência

Numa entrevista à revista Sábado, publicada na edição de 10 de Janeiro de 2008, Correia de Campos, ministro da saúde, foi curto e “grosso” – como é seu apanágio – nas respostas às perguntas “impertinentes” do jornalista.
Não… não está na sua hora!
Não… Cavaco Silva não lhe puxou as orelhas!
Não… não vive com o fantasma da reformulação da saúde!
Não… não é o coveiro do Serviço Nacional de Saúde (SNS)!
Não… não é parte do problema, mas da solução!
Não… a sua prática política não um vazio ideológico!
Não… não tem nenhuma obsessão pela limpeza!
Não… não vai a SAPs nem os recomenda!
Não… não lhe mandam presentes de Natal!
Não… nunca meteu uma dezena de cunhas. As que meteu contam-se pelos dedos das mãos e ainda sobram dedos!
Não… não vai ter mais tento na língua!

Não… não consigo continuar. Sugiro que sejam vocês a ler a entrevista na íntegra, aqui.
Numa coisa dou a mão à palmatório… haja ministro!…

STOP ao Cancro do Cólo do Útero

Foi por correio electrónico que tivemos conhecimento da petição para que o cancro do colo do útero venha a ser discutido no parlamento europeu. O objectivo é que os rastreios sejam uma realidade em todos os países, nomeadamente em Portugal.

Segundo informação veículada pelo Dr. Daniel Pereira da Silva, director do serviço de Ginecologia do Instituto Português de Oncologia de Coimbra, este tipo de rastreio, em Portugal, só existe na região centro.
«Todos os anos 50.000 mulheres são diagnosticadas e 25.000 morrem devido a cancro do cólo do útero. A existência de programas eficazes de prevenção podem prevenir a grande maioria destes casos.

Apoio a Petição STOP ao Cancro do Cólo do Útero, e chamo a atenção do Parlamento Europeu, da Comissão Europeia e de todos os Governos Nacionais da Europa para implementarem programas de rastreio organizados contra o cancro do cólo do útero que providenciarão uma proteção mais eficaz contra o cancro do cólo do útero em todas as mulheres da Europa.»
Uma petição da responsabilidade da Associação Europeia do Cancro do Cólo do Útero (ECCA) com o apoio da União Internacional Contra o Cancro (UICC) e que já subscrevemos.

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Council Conclusions on Environment and Health

Foram aprovadas, no passado dia 20 de Dezembro, no Conselho de Ministros do Ambiente em plena Presidência Portuguesa, as Conclusões do Conselho Ambiente e Saúde, cujo documento pode ser descarregado aqui e cuja divulgação sugiro.
Estas Conclusões foram aprovadas por todos os Estados Membros e é, garantidamente, “um passo importante pois vincula-se um comprometimento de todos para uma maior aposta e dinamismo nas várias vertentes de Ambiente e Saúde.”

Cortesia da colega Sandra Moreira.

Ordem dos Médicos a votos, com Saúde Pública "à cabeça"

Foi ao lermos a edição de hoje do jornal Correio da Manhã que soubemos que um dos candidatos a Bastonário da Ordem dos Médicos é Médico de Saúde Pública. Falo do Dr. Carlos José Pereira da Silva Santos, que foi Delegado Regional de Saúde na Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo entre 1999 e 2005, actual docente da Escola Nacional de Saúde Pública e que conhecemos muito bem.
A sua candidatura apresenta-se como uma “Alternativa para a Ordem dos Médicos” e pode ser seguida nos dois (??!!!) blogues da candidatura, aqui e aqui. Segundo conseguimos perceber, a lista que encabeça contempla ainda mais alguns Médicos de Saúde Pública. A título de exemplo: Dra. Graciela Lopes Valente Simões; Dr. Nuno Filipe Ambrósio Lopes; e Dra. Teresa Cristina Ferreira Galhardo.
Apresento-vos, entretanto, a declaração de candidatura do Dr. Silva Santos.

«Um Presidente Alternativo para a Ordem dos Médicos
Declaração de Lisboa

Carlos José Pereira da Silva Santos
Chefe de Serviço de Saúde Pública da ARSLVT IP, Doutor em Saúde Pública, Professor Auxiliar Convidado da ENSP/UNL

Vamos entrar em campanha eleitoral. A candidatura alternativa apresenta-se aos médicos e à comunicação social com um trabalho feito de múltiplos contactos de grande abrangência, com um levantamento alargado das razões de descontentamento e das preocupações de muitas centenas de médicos. Desenvolvemos um processo exemplar de dinamização dos colegas com base em diagnósticos precisos da realidade e das ameaças em curso, construímos projectos e propostas que se encontram em desenvolvimento dinâmico e que durante a campanha eleitoral irão ser contrastadas com a vivência e a praxis dos médicos.
Entregámos as listas alternativas para a Secção Regional Sul, distritos médicos de Lisboa, Grande Lisboa e Beja. Contamos com votantes e apoiantes em muitas outras listas tanto nas Secções Regionais Norte como Centro e na generalidade das listas dos restantes distritos médicos.
Apresentamos hoje o programa base da candidatura Alternativa que irá enquadrar os múltiplos contributos individuais e de grupo que irão enriquecer o debate e a reflexão escrita sobre os diversos temas da agenda. Será o nosso contributo para colmatar a vil pobreza de pensamento escrito actual e da inteira responsabilidade das direcções, actual e anterior da OM.

Os grandes temas de iremos animar serão:
  • A questão das Carreiras Médicas, passado presente e futuro.
  • A questão do Serviço Nacional de Saúde, o presente e o futuro.
  • A questão dos jovens médicos, síntese prática e operativa das duas primeiras grandes questões temáticas.
Como candidato a Bastonário da Ordem dos médicos apresento-me aos médicos do todo nacional como a candidatura melhor colocado para enfrentar o desafio de travar a subversão e a programada destruição do Serviço Nacional de Saúde Constitucional, a liquidação das Carreiras Médicas, a desqualificação geral da actividade médica e derrocada dos princípios éticos e deontológicos da profissão.
Represento a candidatura melhor colocada para, em conjunto com todos os médicos das diversas sensibilidades e qualificações, definir uma agenda da OM, apresentar e defender propostas de progresso para a defesa dos interesses dos médicos, da medicina, dos serviços de saúde e da saúde dos portugueses.

Como candidato considero reunir os atributos necessários para enfrentar o desafio e reverter a actual situação de pré desastre para a profissão médica e para a saúde em Portugal na medida em que possuo capacidades:

  1. Capacidade e saber par identificar, analisar os problemas sentidos pelos médicos e apresentar soluções efectivas.
  2. Capacidade de avaliar técnica e cientificamente as medidas e propostas do governo e propor alternativas fundamentadas.
  3. Capacidade de desenvolver trabalho colectivo e de promover a cooperação inter profissional.
  4. Capacidade de promover a unidade dos médicos respeitando a diversidade de opiniões e de interesses legítimos.
  5. Capacidade de leitura política da realidade da saúde e dos serviços e de equacionar as prioridades da agenda da OM e dos médicos.
Domino saberes pertinentes para a acção:
  1. Sei contextualizar saberes teóricos e a realidade da saúde/ doença.
  2. Sei o que quero saber sobre a produção de cuidados médicos e sobre a história natural das doenças.
  3. Sei onde encontrar a informação que fundamente a tomada de decisões com evidência.
  4. Sei identificar e abordar quem conhece ou está apto a investigar na área da saúde e dos serviços de saúde.
  5. Sei o que não sei e por isso me reservarei até está informado.
Estou preparado para agir porque sei fazer:
  1. Gerir a informação pertinente em saúde.
  2. Gerir grupos de trabalho para a produção de pensamento consensual e fundamentado.
  3. Gerir investigação não só sobre saúde/doença como sobre serviços de saúde.
  4. Gerir conflitos de interesses técnicos entre profissionais ou entidades do SNS.
  5. Gerir a acção em política de saúde com base em conhecimentos evidentes.
Podemos mudar a OM e as nossas perspectivas de futuro. Assim os médicos o queiram.»

Ele “reúne os atributos”, “domina os saberes” e “está preparado”, e quem somos nós para o contestar?

Direcção-Geral da Saúde vs. Alto Comissariado da Saúde

Foi na qualidade de leitor frequente do Jornal Médico de Família que li, no Cromo da Quinzena, o texto “uma insustentável sobreposição de competências“, retrato daquilo que tem vindo a ser a convivência entre a Direcção-Geral da Saúde e o Alto Comissariado da Saúde.
E assim vão indo as nossas instituições de “referência”.

«Indicador para aqui, necessidade de melhor articulação para acolá, chegou a vez do Director-geral da Saúde (DGS), Francisco George – a quem num registo de tu cá, tu lá, todos tratam por Chico Jorge –, emitir opinião sobre a matéria. Refira-se, a-propósito, que é da competência da DGS elaborar e divulgar estatísticas de saúde e promover o seu aperfeiçoamento contínuo.

Com o bom senso que todos lhe reconhecem, Chico Jorge resolveu expressar o que pensa sobre os indicadores apresentados pelo ACS. Que não são fiáveis; não reflectem a realidade… Chegado aqui, peço ao leitor que releia as competências de uma e outra entidade… É importante para perceber o que se segue (ou para ficar ainda mais confuso, o que é perfeitamente aceitável).

Visivelmente agastada com a intervenção, Maria do Céu Machado ripostou, perguntando a Chico se estava a pôr em causa a sua honestidade intelectual. A sala ficou gelada com o tom ríspido da intervenção e a Alta Comissária, apercebendo-se do facto, procurou desanuviar o mal-estar, construindo uma gracinha.

Ó Chico: estás a sugerir que os dados não são verídicos? É que se é isso mesmo o que querias dizer…. E se eu fosse homem, convidava-te para ir lá fora e resolvíamos isto à estalada. Como não sou, peço ali ao Dr. Luís Manuel (Cunha Ribeiro, Presidente do INEM) que vá lá fora e o faça por mim.

O problema é que de acordo com alguns participantes, a Alta Comissária, esqueceu-se de mudar o tom com que iniciara a conversa, pelo que muitos dos presentes ficaram na dúvida se estaria, ou não, a falar a sério.»

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Imagem recolhida no Jornal Médico de Família

Gripe(net) volta a atacar

O projecto Gripenet voltou a atacar a estatística da gripe para 2007/2008.

Enquanto “Sistema Participativo de Vigilância Epidemiológica”, o projecto Gripenet, que é uma replicação de um projecto análogo desenvolvido na Holanda, criou e testou, na minha opinião, um sistema de vigilância epidemiológica claramente inovador que acabou por envolver a sociedade portuguesa de forma activa. O primeiro estudo apostou na monitorização da epidemia de gripe (causada por influenza) em 2005-2006, mas perspectiva-se-lhe, num futuro próximo, uma abrangência que futuramente será alargada a outros problemas de saúde pública.
Com o sítio Gripenet pretende-se:
  • Informar e difundir conhecimentos sobre a gripe;
  • Recolher informação relativa ao estado de saúde da população através de inquéritos online.

À semelhança de anos anteriores, também neste, qualquer cidadão pode – e deve – contribuir com informação relevante para que se desenvolvam modelos epidemiológicos sobre o fenómeno da gripe em Portugal. A informação recolhida é encarada como um eventual complemento àquela que é obtida pelos métodos de vigilância convencionais actualmente a cargo do Centro Nacional da Gripe e do Observatório Nacional de Saúde. Desta forma possibilita-se uma detecção mais precoce de eventuais anomalias, e uma captação de pessoas que recuperam sem recorrer aos serviços de saúde.