«Improvável título para um romance gótico, Os Segredos de Alcova dos Mestres Cozinheiros. Parece mais título de folhetim erótico do que outra coisa. Ainda mais quando o seu autor, Irvine Welsh, nos habitou a ser mais lacónico, assinando obras como Ecstasy, Porno, ou o mais que famoso e badalado Trainspotting [um dos meus livros favoritos, a par de 1984 de George Orwell].
Mas é de uma parábola gótica que se trata. Não tão in your face como Trainspotting, o livro publicado em 1993 que juntava quatro viciados em heroína e que acabou por ser adaptado ao cinema, mas à mesma tendo como cenário uma Edimburgo obscura e decadente, e à mesma com muito sexo, álcool, cocaína e asneiras à mistura. E claro, uma ou duas cenas nojentas a la Welsh, como aquela em que a personagem principal paga com sexo uma consulta a uma “bruxa” de meia-idade obesa e… muito pouco asseada.
Tudo começa num concerto dos Clash, em 1980, mas é 23 anos depois que a acção se concentra: Danny Skinner é um técnico de saúde ambiental na Câmara de Edimburgo, uma espécie de funcionário da ASAE que tem de inspeccionar restaurantes e que parece apostado em dar cabo da vida em pubs, a cheirar linhas de cocaína e a envolver-se em pancadarias. Skinner vive obcecado em descobrir quem é o pai, tanto como em destruir um novo colega com quem tem de competir pela mesma promoção, Brian Kibby, um pobre coitado cujo grande divertimento é coleccionar miniaturas de comboios e ir às convenções do Star Trek.
Muito à Retrato de Dorian Gray (livro de Oscar Wilde que Welsh cita), Kibby vai sofrer uma espécie de maldição lançada por Skinner, e sente na pele todos os excessos que este comete. Escrito através de várias vozes (praticamente todas as personagens vão surgir na primeira pessoa), é a partir daqui que o livro se torna mais louco, mas também mais divertido.»
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Nota: sinopse do livro retirada do sítio Time Out Lisboa.