Imbecilidade viral

Foi considerado pelo Tribunal da Relação de Lisboa como justificado e legítimo o despedimento de um cozinheiro infectado com HIV que trabalhou, durante sete anos, no hotel do Grupo Sana Hotels. Foi então confirmada a decisão já tomada pelo Tribunal de Trabalho de Lisboa.
No acórdão pode ler-se que “ficou provado que A. é portador de HIV e que este vírus existe no sangue, saliva, suor e lágrimas, podendo ser transmitido no caso de haver derrame de alguns destes fluidos sobre alimentos servidos ou consumidos por quem tenha na boca uma ferida”. Foi esta a razão apontada pelos magistrados que os levou a concluir que se continuasse a ser cozinheiro representaria “um perigo para a saúde pública, nomeadamente dos utentes do restaurante do hotel”.

É nestas alturas que me sinto deslocado.
É nestas alturas que me interrogo se se justificará continuar…

Quantos de nós terão já ido às escolas falar sobre este tema? E quantos de nós é que utilizam, de forma recorrente, o velhinho discurso que dá conta de que o risco de transmissão do vírus HIV é mínimo, se tivermos em conta a não assumpção de comportamentos de risco?

Quantos de nós é que estarão a pensar que esta gente foi alvo de doença rara, tipo imbecilidade viral, mais mortal que qualquer HIV??

Posso então deduzir que os senhores magistrados não têm dentes cariados, não comem em restaurantes, bochecham e gargarejam, com qualquer solução desinfectante (??!!), antes de deglutir qualquer pedacinho de comida ou, em última análise, têm acesso aos ficheiros clínicos dos seus empregados, que lhes preparam as refeições.

Leiam tudo acerca desta… !!&?%=@;<..., se ainda houver paciência para tal, aqui, aqui e aqui.

——————————
Imagem recolhida em WarShooter.

Lavar as mãos, sim obrigado

“Um quarto dos portugueses não lava as mãos antes das refeições” foi título de jornal, post em blogue, notícia na rádio e deu azo a muita conversa de fim de tarde no banco do jardim ao longo da semana passada.

Segundo o estudo desenvolvido pelo Conselho de Higiene, é um facto que um quarto dos portugueses não lava as mãos antes das refeições. De acordo com o mesmo estudo, metade dos portugueses não lava as mãos após espirrar, sendo que um em cada dez não o faz após ir à casa de banho.

Este estudo conclui ainda que um quinto da população não lava as mãos depois de pegar em animais, enquanto que 15% não o faz após comer ou pegar em comida.

Por outro lado, 72% dos respondentes considerou que os filhos apanham mais infecções na escola, contrapondo com os 40% que entende que é na sanita ou na roupa suja que podem ser encontrados mais germes.

Um estudo semelhante a este foi ainda feito em mais dez países, tendo sido concluído que os norte-americanos e os italianos são os povos com menos asseio, uma vez que nunca lavam as mãos após comer, tossir, espirrar ou ir à casa de banho.

Segundo a directora dos Serviços de Qualidade Clínica, da Direcção-Geral de Saúde, Dra. Ana Leça, é muito importante lavar as mãos, pois este gesto está associado à redução de infecções, ainda que haja «situações onde ainda é mais importante como sejam os ambientes hospitalares e onde se tratam doentes. No nosso dia-a-dia, nos nossos gestos habituais, obviamente que a lavagem das mãos é um gesto que corresponde a um aumento significativo da própria segurança do indivíduo».

Esta mesma questão, associada às infecções nosocomiais, já havia sido alvo de inúmeras abordagens por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Por tudo isto, colegas profissionais de saúde, integrados, ou não, nas Comissões de Controlo da Infecção, evidenciem junto da vossa direcção o quão indispensável é disponibilizar condições necessárias para atender aos “velhos” apelos da OMS, Clean Care is Safer Care, e sigam as suas guidelines relativas à lavagem das mãos.

A ASAE, a Saúde Pública e nós.

Desde cedo que se questinou aquele que seria o papel da Saúde Pública (entenda-se Serviços de Saúde Pública – SSP) e das Autoridades de Saúde, depois da criação da “super potência” Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), e no que à segurança alimentar diz respeito.
É certo e sabido que em relação à fiscalização/inspecção, e de acordo com todos os diplomas legais entretanto publicados, ela está, neste momento, sob a alçada daquela entidade, que tão bem tem propagandeado as suas actividades. Situação inversa àquela que se verificou durante anos com a Inspecção Geral das Actividades Económicas (IGAE) e que ainda se verifica com os SSP – salvo honrosas excepções que serão alvo, em tempo oportuno, de um post – deste país.
Agora que a fiscalização/inspecção tenderá, como desde sempre, a não ser nossa competência, e depois da recusa por parte da figura Autoridade de Saúde (não confundir com Médico de Saúde Pública!!) em assumi-la como sua, caberá aos Técnicos de Saúde Ambiental, porque para isso não precisam de se fazer passar por representantes do Estado, apostar naquilo para que foram talhados – a vigilância sanitária.

Estávamos no início de 2006, tinha a ASAE acabado de ser criada, e já ela se fazia notar, a reboque do desempenho daqueles que laboriosamente promoviam a vigilância em função de projectos específicos desenvolvidos no seu (nosso) “burgo”.

No âmbito de uma actividade conjunta (evidenciada pela notícia da SIC) e muito em função do trabalho desenvolvido pelos estagiários de Saúde Ambiental da ESTeSL que cá estavam na altura (Sandra Peixoto e Bruno Barroca), que não se esgotou com o simlpes acompanhar dos profissionais do SSP e da brigada da ASAE, também nós fomos notícia.

No dia seguinte, um deles exultava:

“- Viste, viste!!???… Aquele era o meu sapato.”

Passados alguns dias o telefone tocou e o inspector disse:
“- Parabéns! Sem vocês não teria sido a mesma coisa. Obrigado.”

The Pump Handle

The Pump Handle: A water cooler for the public health crowd” é um blogue cuja visita frequente aconselho a todos os Técnicos de Saúde Ambiental e Médicos de Saúde Pública.

“The Pump Handle is a place for people interested in public health and the environment to discuss the issues that interest us, particularly when they’re not getting the treatment we think they deserve in the mainstream media.”

Dia Mundial da Alimentação

Hoje, dia 16 de Outubro, é o Dia Mundial da Alimentação e logo pela manhã, a caminho do Centro de Saúde, à semelhança do que acontece em qualquer outro dia, a TSF foi a companhia radiofónica no percurso casa/trabalho.
Lacticínios ou derivados, cereais – preferencialmente um pão escuro – e uma peça de fruta, comida à dentada, foram os alimentos apontados como os eleitos para um pequeno-almoço consistente e que reúne as condições para garantir um bom início de dia de trabalho. Terão sido, mais ou menos, estas as palavras utilizadas pela nutricionista da moda, Dra. Elsa Feliciano.
Conhecia-a em 1997 quando, ainda em regime de voluntariado, trabalhei no Centro de Saúde de Vila Franca de Xira. Nessa altura a médica de Saúde Pública que lá se encontrava a desempenhar funções (hoje não está lá ninguém), Dra. Ana Bela Falcão, actualmente em Almada, dava primazia à Promoção da Saúde e as actividades em escolas ou fora delas, com crianças, adolescentes ou idosos acabavam sempre por abordar a questão da alimentação equilibrada.
Hoje, dez anos depois, continuo a cruzar-me frequentemente com a Dra. Elsa Feliciano, ora no já extinto Centro Regional de Saúde Pública de Lisboa e Vale do Tejo, actual Departamento de Saúde Pública da Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, ora nos mais variados meios de comunicação social. Hoje cruzei-me com ela na TSF, depois de já lhe ter “piscado o olho” na Operação Triunfo da RTP, na Quinta das Celebridades da TVI e em tantos outros programas de entretenimento onde comparece, convidada para falar daquilo que tão bem sabe: alimentação equilibrada.
Confesso que tal como a mim, também a vocês ela fará, muito provavelmente, companhia numa esplanada de praia, num serão à noite com os amigos a ver um desafio de futebol, ou numa simples refeição cuja bebida eleita é a Sagres Zero. Para quem ainda não percebeu este meu devaneio, aconselho-vos a ler com atenção o rótulo desta cerveja, que de entre as “sem álcool” é a minha eleita, ainda que não seja propriamente pela companhia da Elsa Feliciano.
O Dia Mundial da Alimentação é celebrado para comemorar a criação da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) em 1945. O objectivo deste dia é consciencializar a humanidade sobre a difícil situação que enfrentam as pessoas que passam fome e estão desnutridas, e promover em todo o mundo a participação da população na luta contra a fome. Todos os anos, mais de 150 países celebram este evento. Durante o Dia Mundial da Alimentação, celebrado pela primeira vez em 1981, dá-se ênfase a um tema sobre o qual se focalizam todas as actividades. Os temas discutidos nos últimos anos foram:
  • “O Direito à Alimentação”
  • “Agricultura e diálogo de culturas”
  • “Biodiversidade e Segurança Alimentar”
  • “Trabalhar juntos para criar uma Aliança Internacional contra a Fome”
  • “A Água, fonte da Segurança Alimentar”
  • “Combater a fome para reduzir a pobreza”
  • “Um milénio sem fome”
Para mais informações, sigam as hiperligações que vos deixo.
United Nations
Global Issues on the UN Agenda: Food
Special Rapporteur on the right to food (OHCHR)
Feeding minds, fighting hunger (CyberSchoolBus)

Economic Commission for Africa
Africa’s Urgent Nexus: Food, Population, Environment
Food Security and Sustainable Development

Economic and Social Commission for Western Asia
Sustainable Agriculture and Rural Development
Codex Alimentarius – Joint FAO/WHO Food Standards Programme
Food Insecurity and Vulnerability Information and Mapping Systems
International Fund for Agricultural Development
International Portal on Food Safety, Animal and Plant Health
UNU Food and Nutrition Programme for Human and Social Development
World Food Programme

World Health Organization
Food Safety

World Bank Group
Agriculture and Rural Development

Additional Resources
Action against Hunger
Food for All
Food Safety Research Information Office (FSRIO)
Food Security – Development Gateway
FoodFirst Information and Action Network
Harvest Help
International Food Policy Research Institute
Resource Centres on Urban Agriculture and Forestry
Rural Development Institute
U.S. National Committee for World Food Day

Canadian Institute of Public Health Inspectors

Vision: Health Protection: Cornerstone of Public Health

Mission Statement: Canadian Institute of Public Health Inspectors (CIPHI) advances the profession, science and field of Environmental Public Health through certification, advocacy, education and setting standards. We protect the health of Canadians and represent environmental public health professionals across Canada.

CERTIFICATION: the Board of Certification is the organizational body for certification on behalf of the Institute. The certification process guarantees that the highest standards for entry into the profession are met.

INFORMATION: CIPHI provides ongoing opportunities for professional development. CIPHI interacts strongly within the International environmental health community and is proactive in advancing the science of environmental health.

ADVOCACY: CIPHI works to protect the health of all Canadians on environmental issues while promoting the science of environmental health and the profession.

Seguindo a hiperligação, clicando na imagem, poderão aceder ao sítio do Instituto Canadiano de Inspectores de Saúde Pública e a partir daí conhecer um pouco mais acerca desta organização.

Adianto, desde já, que pelo que me apercebi, esta organização dispõe do denominado Board of Certification, responsável pelo reconhecimento, após exame, das competências necessárias para o ingresso na respectiva profissão.

Pasmem-se!… Só encontrei seis escolas referenciadas como tendo cursos com conteúdo curricular aprovado:

Nós temos quantas??

—————————–
Fonte: Canadian Institute of Public Health Inspectors