Obrigado, Sr. Ministro!…

Recebemos por correio electrónico (obrigado Margarida!) o artigo de opinião publicado no dia 11 de Julho de 2011, no Diário de Notícias, e que republicamos em baixo (ver original).

Transcrevemo-lo porque reflecte uma dura realidade à qual os Técnicos de Saúde Ambiental, em exercício de funções nas Unidades de Saúde Pública dos Agrupamentos  de Centros de Saúde, não são alheios.

Há dias um pobre pediu-me esmola. Depois, encorajado pela minha generosidade e esperançoso na minha gravata, perguntou se eu fazia o favor de entregar uma carta ao senhor ministro. Perguntei-lhe qual ministro e ele, depois de pensar um pouco, acabou por dizer que era ao ministro que o andava a ajudar. O texto é este:

“Senhor ministro, queria pedir-lhe uma grande ajuda: veja lá se deixa de me ajudar. Não me conhece, mas tenho 72 anos, fui pobre e trabalhei toda a vida. Vivia até há uns meses num lar com a minha magra reforma. Tudo ia quase bem, até o senhor me querer ajudar.

Há dois anos vierem uns inspectores ao lar. Disseram que eram de uma coisa chamada Azai. Não sei o que seja. O que sei é que destruíram a marmelada oferecida pelos vizinhos e levaram frangos e doces dados como esmola. Até os pastelinhos da senhora Francisca, de que eu gostava tanto, foram deitados fora. Falei com um deles, e ele disse-me que tudo era para nosso bem, porque aqueles produtos, que não estavam devidamente embalados, etiquetados e refrigerados, podiam criar graves problemas sanitários e alimentares. Não percebi nada e perguntei-lhe se achava bem roubar a comida dos pobres. Ele ficou calado e acabou por dizer que seguia ordens. Fiquei então a saber que a culpa era sua e decidi escrever-lhe. Nessa noite todos nós ali passámos fome, felizmente sem problemas sanitários e alimentares graves.

Ah! É verdade. Os tais fiscais exigiram obras caras na cozinha e noutros locais. O senhor director falou em fechar tudo e pôr-nos na rua, mas lá conseguiu uns dinheiritos e tudo voltou ao normal. Como os inspectores não regressaram e os vizinhos continuaram a dar-nos marmelada, frangos e até, de vez em quando, os belos pastéis da tia Francisca, esqueci-me de lhe escrever. Até há seis meses, quando destruíram tudo.

Estes não eram da Azai. Como lhe queria escrever, procurei saber tudo certinho. Disseram-me que vinham do Instituto da Segurança Social. Descobriram que estava tudo mal no lar. O gabinete da direcção tinha menos de 12 m2 e na instalação sanitária do refeitório faltava a bancada com dois lavatórios apoiados sobre poleias e sanita com apoios laterais. Os homens andaram com fitas métricas em todas as janelas e portas e abanaram a cabeça muitas vezes. Havia também um problema qualquer com o sabonete, que devia ser líquido.

Enfureceram-se por existirem quartos com três camas, várias casas de banho sem bidé e na área destinada ao duche de pavimento (ligeiramente inferior a 1,5 m x 1,5 m) não estivesse um sistema que permita tanto o posicionamento como o rebatimento de banco para banho de ajuda (uma coisa que nem sei o que seja). Em resumo, o lar era uma desgraça e tinha de fechar.

Ultimamente pensei pedir aos senhores fiscais para virem à barraca onde vivo desde então, medir as janelas e ver as instalações sanitárias (que não há!). Mas tenho medo que ma fechem, e então é que fico mesmo a dormir na rua.

Mas há esperança. Fui ontem, depois da missa, visitar o lar novo que o senhor prior aqui da freguesia está a inaugurar, e onde talvez tenha lugar. Fiquei espantado com as instalações. Não sei o que é um hotel de luxo, porque nunca vi nenhum, mas é assim que o imagino. Perguntei ao padre por que razão era tudo tão grande e tão caro. Afinal, se fosse um bocadinho mais apertado, podia ajudar mais gente. Ele respondeu que tinha apenas cumprido as exigências da lei (mais uma vez tem a ver consigo, senhor ministro). Aliás o prior confessou que não tinha conseguido fazer mesmo tudo, porque não havia dinheiro, e contava com a distracção ou benevolência dos inspectores para lhe aprovarem o lar. Se não, lá ficamos nós mais uns tempos nas barracas.

Senhor ministro, acredito que tenha excelentes intenções e faça isto por bem. Como não sabe o que é a pobreza, julga que as exigências melhoram as coisas. Mas a única coisa que estas leis e fiscalizações conseguem é criar desigualdades dentro da miséria. Porque não se preocupam com as casas dos pobres, só com as que ajudam os pobres.”

Poluição Atmosférica em São Paulo pelas mãos da Faculdade de Medicina do ABC

Poluição atmosférica em SP afeta fertilidade de casais é o título da notícia de dia 17 de Maio, no Portal de Notícias da Globo.

Os estudos mostram que qualidade do sêmen dos jovens está cada vez menor e que, de uma forma geral, a poluição atmosférica pode ser causa de infertilidade de casais.

São estas as conclusões a que chegaram os colegas da Faculdade de Medicina do ABC, São Paulo (Brasil), nomeadamente os do curso de Saúde e Gestão Ambiental, que estiveram connosco no Congresso Internacional de Saúde ambiental 2010 (ver Congresso Internacional de Saúde Ambiental: dia 3 e último).

 

O trabalho desenvolvido especificamente por eles revela o risco que as mulheres correm quando expostas a índices relevantes de poluição atmosférica. A sua descoberta evidencia que a poluição do ar pode aumentar a taxa de uma hormona ligada à fertilidade.

“A poeira e a fumaça no meio ambiente podem ocasionar o risco de aumento de um tipo de hormônio chamado prolactina”, explica o coordenador do curso de Saúde e Gestão Ambiental da Faculdade ABC, Fernando Fonseca.

Todos nós temos uma dose equilibrada de prolactina no corpo. Nas mulheres, ela prepara as mamas para a gravidez. No homem, combinada com outros hormônios, pode causar alterações, como falta de libido, falta de apetite sexual. Se a taxa de prolactina for alterada, é grande a chance do casal não conseguir ter filhos.

“Se a população souber que os poluentes podem causar problemas na sua saúde, com certeza vão procurar melhorias até na forma de educação ambiental ou diminuir o uso de carros”, alerta o professor de saúde ambiental e de química, Odair da Silva.

Saúde Ambiental mobiliza estudantes da ESTeSL

Saúde Ambiental mobiliza estudantes da ESTeSL é o título da notícia do n.º 47 (Abril de 2011) do Notícias IPL e que alude ao Take a Break with Environmental Health que já vos havíamos apresentado.

Mais uma vez parabéns aos estudantes da ESTeSL por fazerem da Saúde Ambiental notícia.

Águas residuais é preciso tratar!

De acordo com a notícia de dia ontem do jornal Sol, a Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos reconhece que cerca de 30 por cento da população portuguesa não tem as suas águas residuais “devidamente tratadas”, o que exige um “enorme esforço” de investimento para cumprir as metas traçadas para 2013.

Se por um lado para o abastecimento de água de consumo humano, onde a cobertura é de 94 por cento e a meta para 2013 é de 95 por cento, já naquilo que diz respeito ao saneamento de águas residuais, a população abrangida com drenagem e tratamento não ultrapassa 71 por cento, muito mais longe daquele é o objetivo traçado de 90 por cento, para o mesmo ano.

Se é verdade que devem ser atribuidas responsabilidades a quem, na administração central, ainda não garantiu a resolução deste problema, também é verdade que todos nós, individualmente, temos um papel a desempenhar nesta matéria.

Leiam a notícia na integra em 30% da população não tem águas residuais ‘devidamente tratadas’.

Os ginásios, as micoses e a Saúde Ambiental

No “intervalo” da edição de ontem do semanário SOL podíamos ler um artigo que tinha por título “Toalha no tapete”. O artigo referia que “limpar o suor com uma toalha limpa pode impedir infecções de pele transmitidas nos ginásios”.

João Brandão, especialista em micologia clínica do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge realça que “nos ginásios, há risco de contágio de infecções da pele por estafilococos, cândidas ou tinhas. E os contágios mais típicos nestes locais são, talvez, o pé de atleta e as tinhas”.

No final do artigo, “Carla Viegas [Técnica de Saúde Ambiental e professora da Área Científica de Saúde Ambiental da  Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa], a terminar o doutoramento em saúde pública, estuda há quatro anos a exposição profissional a fungos dos trabalhadores dos ginásios e piscinas e concluiu que há uma maior prevalência de micose nestes profissionais do que na população em geral“.

Dia Internacional da Conservação da Natureza

Comemora-se hoje, dia 28 de Julho, o Dia Internacional da Conservação da Natureza e, de acordo com o Portal Ambiente Online (ver Dia da Conservação da Natureza marcado por críticas), o partido “Os Verdes” deixa a sugestão ao governo para que vista tangas pretas, na comemoração. Para o partido, a sugestão é inspirada na ligeireza das responsabilidades e das políticas que o Governo tem vindo a assumir na área da conservação da natureza.

«”Os Verdes” sugerem ainda o uso da tanga como símbolo das parcas verbas atribuídas à Conservação da Natureza no quadro do Orçamento de Estado e do estrangulamento financeiro a que o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) tem vindo a ser submetido, o que o impede de cumprir com a missão que lhe foi atribuída de estudo, preservação e valorização da natureza nas áreas protegidas deste país, áreas de conservação da natureza, por excelência», adianta o partido ecologista.

A Quercus optou por fazer uma resenha dos vários problemas que, no entender da associação ambientalista, afectam esta área. A desorganização da informação sobre o património natural e os valores naturais classificados, o regime financeiro da conservação da natureza e biodiversidade e a pouca intervenção do ICNB são algumas das críticas feitas pela Quercus, em jeito de balanço do novo regime jurídico da conservação da natureza.

«Neste Dia Nacional da Conservação da Natureza, a Quercus espera bem que o Governo e o Ministério do Ambiente atribuam os meios e o protagonismo político a esta área tão relevante para o desenvolvimento sustentável, em particular neste Ano Internacional da Biodiversidade», assinala a associação.